Por que ser trabalhador? Será que já paramos para refletir de fato sobre o real significado de ser trabalhador? Algumas perguntas, embora possam parecer simples, na verdade, são o oposto quando encaradas com honestidade. Acredito que essa pergunta, é uma delas.
Recentemente, em um churrasco entre amigos, perguntei para um grupo de jovens empreendedores e funcionários o que significava para eles ser trabalhador. Para minha surpresa, alguns não souberam responder com seriedade. E isso não quer dizer que o ambiente não possibilitava esse tipo de reflexão. Eu também não queria ser o chato que propunha esse tipo de análise em meio a uma confraternização. Mas, o dia em questão, era justamente o dia do trabalhador. E como estávamos entre trabalhadores, eu não poderia deixar de realizar esse pequeno experimento social.
Entre as respostas que obtive, estavam lá, várias percepções equivocadas. Outras tantas, um quanto estigmatizadas. E algumas ainda, carreadas de preconceitos históricos. Haviam, também, algumas mais otimistas. Entre elas, algumas mais simplórias e desconectadas de um contexto histórico real e valorativo.
Me perguntei, será que estamos em meio a uma crise existencial do trabalho e da figura do trabalhador? Será que as pessoas pararam de pensar na importância deste personagem social? E os trabalhadores, será que desconhecem a importância histórica e atual de seu papel social e econômico? E os empreendedores e empresários desta nova geração digital dos negócios, tem conhecimento sobre a força motora que ainda faz toda a engenharia social do nosso país girar?
Nessa linha de pensamento, que quase acabou com o meu churrasco, eu mesmo me perguntei, por que ser trabalhador?
Bom, para mim, não é uma resposta tão simples, o que não significa que seja difícil de responde-lá. Contudo, a resposta depende de alguns fatores, entre eles, a colocação desta figura no seu devido lugar de respeito e dignidade. É a partir desse lugar que, a construção de uma resposta que se pretenda ser minimamente honesta, deve partir.
A voz que vai responder a essa pergunta, precisa estar no seu devido lugar. E só desse ponto, ecoar aos ouvidos de uma geração que parece ter se perdido um pouco no caminho e esquecido de suas origens. Uma geração que parece ter esquecido que o trabalho, não é somente um meio de obtenção de recursos, ou, uma imposição social, ou, pior ainda, apenas uma necessidade. Que o trabalho e a figura do trabalhador, não são motivos de vergonha e desonra. Pelo contrário, o trabalho e o trabalhador, continuam sendo, um meio e um agente de transformação social e dignificação do ser-humano.
Por isso, ser trabalhador, é ser colaborativo. Ser trabalhador, é pensar grande, assumir responsabilidades, não se acomodar, e acima de tudo, nunca desistir. Porque ser trabalhador, é ser parte de uma engenharia social histórica que nos confere senso de pertencimento e dignidade. E nada, nem ninguém, pode diminuir esse fato histórico. Esse lugar, foi construído e conquistado com muito suor e lágrimas de toda uma classe de trabalhadores que nos antecederam.
A grande questão é, se os trabalhadores desta nova geração, não sabem responder uma simples pergunta como essa, como poderão responder às perguntas mais complexas do atual mercado de trabalho?
Bom, em minha sincera e simples análise, acredito que ela precisa urgentemente se desconectar um pouco da virtualidade e se conectar novamente com suas origens. Precisa de boas referências para não perder de vista tudo o que foi construído e continuar perseguindo gradativamente as melhorias que ainda precisam ser efetivadas. Mas, se eu mal sei de onde vim, como posso saber para onde estou indo? Se não sei onde estou, não sei qual é meu papel, e não me importo com nada disso, como posso transformar ou melhorar alguma coisa?
São estas perguntas que, de fato, me fizeram pensar um pouco sobre a seriedade do assunto e a sobre a importância da pergunta. Nossos trabalhadores, e está nova geração, não podem simplesmente trabalhar por trabalhar, precisam entender sua importância e reivindicar sua dignidade. Seu valor, não pode ser medido somente com o preço do salário do seu tempo. Pois, seu valor, é fruto de uma construção histórica. O valor do trabalhador, foi auferido com o suor e o sangue dos que nos antecederam.
Por esta, e outras tantas razões igualmente importantes, precisamos, urgentemente, refletir sobre o assunto. Pois, nessa esteira de reflexão, não há, e nem pode haver, espaço para retrocessos. E só quando entendemos o nosso papel e sua importância, conseguimos responder com firmeza e seriedade uma pergunta simples como essa.
Afinal, saber responder, por que ser trabalhador? Não é somente o mais simples, mas é o mais importante passo rumo a um futuro onde a percepção social do trabalho e do trabalhador vai, enfim, superar toda a estigmatização histórica que ainda insiste em diminuir a importância deste agente de transformação social.
E se ser trabalhador, é não desistir, não podemos aceitar que essa nova classe de trabalhadores e empresários não saibam o seu lugar na história e no atual cenário do trabalho. Seja onde for, no digital ou em qualquer lugar, onde há trabalho, deve haver respeito e dignidade. Pois, ser trabalhador, é, acima de tudo, ser respeitado e digno. Ser trabalhador, é saber disso, saber responder a isso, e, lutar, por isso.
Por: Leandro Fidelis
Bio: Além de professor, é escritor, advogado e empreendedor. Formado em Direito, Administração, Teologia e Filosofia, com MBA em Gestão Empresarial e Especializações em Educação e Direito Tributário para PME’s.
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